QUIZZ "Como estou a influenciar a auto-estima dos meus filhos?"
Anota as respostas sinceras ( Sim ou Não) a cada questão que se segue.Na dúvida pensa qual a resposta que reflete o que fazes com mais frequência, mais vezes, mesmo que não seja sempre. 1. Digo "Obrigada" e "Por favor", habitualmente na interação com os meus filhos? 2. Peço a sua opinião e valorizo a sua visão sobre vários assuntos ? 3. Interesso-me pelos seus próprios interesses e permito as suas emoções, sem os tentar salvar das situações? 4. Sou presente nos momentos em que estou com os meus filhos, vivo-o por inteiro sem distrações ou preocupações? 5. Envolvo os meus filhos no meu dia a dia e partilho com eles o meu mundo e quem sou? 6. Delego e permito que assumam alguma autonomia e independência 7. Permito e reconheço os seus gostos e escolhas pessoais, se não os colocam em perigo? 8. Mostro interesse em relação à escola colocando o foco mais nos processos, nas emoções e necessidades envolvidos quer na aprendizagem , quer na socialização mais do que nos resultados e indicadores de comportamento? 9. Evito elogios, críticas, rótulos e julgamentos e uso mais uma linguagem pessoal , sem falar do certo e errado mas comunicando os meus limites, valores e necessidades, tendo em conta os seus também? 10. Não uso castigos, agressão física ou verbal, nem recompensas para me relacionar com os meus filhos? Agora conta o numero de respostas SIM e espreita o resultado: Entre 7-10 SIM : Esse é o caminho da auto-estima forte, Parabéns! Mantém o foco nas pequenas coisas que não estás ainda a fazer e lembra-te que também não temos de ser "perfeitos" - se o "tom" base, e a maioria das interações com as nossas crianças for feita de uma relação de respeito e interesse por quem ela é, não são pequenos desvios a essa música de fundo que vão desafinar a sua melodia interna.♥︎ Entre 5- 6 SIM* : Como educador já praticas várias atitudes que contribuem para uma boa auto-estima das tuas crianças e algumas atitudes podem estar a fazer exatamente o contrário. Foca-te nas respostas "NÃO" e procura perceber porque (ainda) não o fazes, o que te impede de passarem a ser um SIM? Será um caminho maravilhoso de trilhares com os teus filhos - além da auto-estima, a vossa relação e confiança também sairá fortalecida! Entre 0 - 4 SIM* :Talvez tenhas crenças e convicções diferentes das minhas sobre Educação e Parentalidade. Talvez estejas confortável com a tua forma de educar e está tudo bem. Se, pelo contrário, sentes que estás a repetir padrões com os quais não concordas assim tanto, se o que faz é por não refletir muito sobre as consequências e gostarias de fazer diferente, se sentes que os teus filhos precisam realmente de ganhar auto-estima, assume já a parte que está na tua mão ( e mente e coração!) mudar e influenciar e , passo a passo, segue as 10 ideias de interação do questionário. Podes também ter mais inspiração no podcast #cócegasnocoração ou nos conteúdos que partilho em O suave Milagre : blog | facebook | Instagram *mesmo que os teus filhos já sejam adolescentes ou até jovens adultos, nunca é tarde ( nunca!) para alterares a forma de te relacionares com eles e fazeres a diferença no seu bem estar e saúde ( física, mental e emocional). SIMde
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No final do ano passado, com o Inverno instalado praticamente desde o fim do Verão, um conhecido antigripal atacou com força os nossos ecrãs , para não nos deixar imunes à sua mensagem: com uma constipação ou gripe não precisas de parar ( era algo deste género).
As viroses atacaram com força cá em casa nesta última quinzena e a verdade é que literalmente e contrariamente à promessa dos senhores da industria farmacêutica, nos obrigaram a parar - tive de descombinar reuniões, ficar quietinha por falta de forças e disposição. Até o pai cá de casa, que alinha mais pela ideologia vigente dos constantes afazeres, sentiu necessidade de abrandar. Se há tratamento e remédio eficaz e comprovado para as virose e constipações é mesmo o descanso ( e muita água!). Mas este assunto não tem só a ver com nos cuidarmos - da forma mais natural e respeitadora - quando nos sentimos doentes.Tem a ver como vivemos os nosso dias - e como as nossas crianças vivem os delas. A ideia de produzirmos a todo o momento começa a enraizar-se desde muito cedo, nas nossas casas e escolas ( quem mais acha um exagero a quantidade de trabalhos e capas que crianças de 2 e 3 anos trazem da escola?!) e sentimos uma necessidade de "apresentar" trabalho, de parecer sempre ocupados, de nos "entretermos" com qualquer coisa. O tempo "livre", o "descanso" não é bem visto nem levado a sério. Outro dia lia um texto belíssimo do Gonçalo M. Tavares sobre umas aves de cativeiro terem, na verdade, a gaiola dentro de si e pensava que nós, de tanto nos encaixarmos no sistema e ele nos "educar" estamos iguais: podemos queixar-nos e é o que mais fazemos!) do ritmo do trabalho, dos programas escolares, do trânsito das cidades, das atividades extracurriculares, dos afazeres que temos de dar conta, e não nos apercebemos de que o ímpeto para não estar quieto, para não sossegar, parar está dentro de nós, seja já quais forem as circunstâncias.( senti isso , e ainda sinto por vezes, mesmo tendo modificado a minha vida profisisonal há quase cinco anos, e mudado para uma cidade mais pequena, há dois). E parar é condição para Reparar: no duplo sentido da palavra. Parar serve para podermos reparar no que nos acontece, em como estamos, para reparar nos nossos filhos e no nosso Amor, na nossa família e amigos. Na Natureza que é uma fonte de bem estar e inspiração, no que acontece à nossa volta. Sem reparar não é possivel refletir, pensar e agir com intenção. E isto é tão importante para nós adultos com poder de fazer a diferença, como para as nossas crianças e a Educação - a que realmente interessa!Falta-lhes -e falta-nos - tempo de ócio, de prazer, tempo sem ser contado. Porque é deste tempo sem fazer nada que surge muitas vezes a criatividade, a inspiração, as melhores ideias. É de o incluirmos, sem medo nem vergonha, na nossa vida que nos tornamos mais produtivos, atentos, focados.( cético? há muitos estudos e linhas de investigação a comprova-lo!) Falta-lhes também -e falta-nos- descanso, pausas, para que se dê a outra reparação: é durante o sono, por exemplo, que o nosso cérebro repara os danos, se livra de toxinas e fortalece ligações que importam. O sono e o descanso não são um "extra", são equipamentos de base vitais para a nossa segurança, saúde e "alta performance". Assumirmos as nossas fraquezas, vulnerabilidades e limites, a cada momento, sabendo que precisamos de nos cuidar, para estar bem, recarregar energias, permitir ao corpo e ao espirito que se recuperem, faz-se de um dia a dia com menos stress e agendas menos sobrecarregadas, não com 10 dias de férias num destino exótico. Claro que a quantidade de "outputs" pode ser comprometida - se pararmos, produzimos menos "coisas" ( muitas delas lixo, não haja dúvidas), compraremos menos, desgastaremos menos, precisaremos de menos. E há uma grande quantidade de pessoas a quem isto não interessa nada ( por exemplo aos senhores que comercializam o dito antigripal). Mas não tenham ilusões sobre os benefícios de não nos sabermos capazes de parar e reparar - não são nenhuns. Nem para nós, nem para as nossas crianças. A aprendizagem, o comportamento, e a saúde fisica e emocional melhoraria sem tantas horas espartilhadas no nosso dia, pressa e afazeres. A mudança não será de um dia para o outro, exige força para remar contra a maré, aprender a difícil arte de viver com menos ( até a tosse e a afonia mostraram como falo demais, alto demais, vezes demais!) e a ainda mais díficil de sossegar o espírito ( aqui entra o mãedfulness) , mas os efeitos secundários de uma vida onde se valoriza o descanso, as pausas e o tempo livre, são de certeza muito positivos, para todos, e tenho a certeza, que nada do que realmente importa ficará por fazer, aliás acontecerá, comcerteza, sempre no seu tempo certo.* *como esta newsletter prometida, que ainda conseguiu chegar até vós, no mês certo! Olá!
As cartas da #tribosuavemilagre estão de volta, com um ajuste na sua frequência : uma vez por mês aqui vos chegará uma pequena história, um desabafo, uma reflexão, direta dos meus dias e do meu coração. Vida de mãe assim ditou - em Setembro, com a entrada da pequena Helena na escola também, por paradoxal que pareça, fez-me entrar na roda viva dos horários, do leva e trás sem fim, das lancheiras e mochilas a duplicar, das atividades a quadruplicar, com tudo que isso implica, sendo o mais notório o cansaço e a sensação de "não ter tempo para nada". A vida pediu reajuste, mais uma vez. E assim, cresci mais um bocadinho com as lições que eu tirei deste inicio do ano letivo: 1. a única constante da vida é mesmo a mudança. A adaptabilidade, flexibilidade, tolerância e resiliência são ferramentas mais importantes do que qualquer conhecimento, técnica ou especialização, para estarmos bem e felizes no trilho que nos é dado a percorrer, a cada desafio. E só podemos ensina-las às nossas crianças, inspirar familia e colegas à nossa volta a adotá-las, se nós próprios as praticarmos, incorporarmos na nossa forma de estar na vida. 2. o maior inimigo dos nossos dias é mesmo o ritmo: acelerado, marcado por horários curtos e rígidos. o que mais nos desgasta é entrar na roda do hamster, não são as crianças que são cansativas, os contextos que temos e em que elas vivem é que o são. Não é a nossa dedicação ou as horas que trabalhamos, a energia que colocamos num projeto, num trabalho, que nos poderão alguma vez levar ao burnout - é a forma não satisfatória de o fazermos, é a pressão no resultado ou no timing, é a falta de poder pessoal para decidir, optar, a liberdade para gerir o tempo e conciliar as vertentes da nossa vida. 3.um dos segredos da produtividade ( e da felicidade!) é mesmo definir prioridades. e em muitos momentos, perceber qual é, agora, "a" prioridade. Isso faz-nos tomar decisões mais acertadas e ficar em paz com elas; faz-nos entrar no momente presente como ele é e como nós somos e lidar bem com o "stand by" que decidimos dar a algumas áreas, projetos da nossa vida . Não necessariamente abandoná-los, só, sem culpa, guardá-los um bocadinho, com carinho e paciência , até que seja a hora certa para serem eles a prioridade. Outras vezes temos mesmo que colocar um ponto final no que parecia ser uma boa ideia, mas já não nos está a servir ou declinar um convite que noutra altura seria irrecusável. Quando a decisão ouve a voz serena do coração, nunca erra .Embora possa parecer pouco "racional" (como tão bem provou o "nosso" António Damásio a razão sem a emoção nunca é boa a tomar decisões! Reli recentemente e recomendo o seu A estranha ordem das coisas ) A vida de cada um de nós é mesmo, uma edição única e limitada, como este colar-amuleto Mãedfulness que era um projeto querido há tanto tempo e que encontrou, finalmente o momento certo, a parceria certa, e me impulsionou a voltar a escrever, a encontrar os meus momentos de atenção plena e feliz a esta #tribodobem que comigo tem feito este caminho. PS. Só há 25, espero que um deles possa ir parar ao sapatinho da querida mãe aí de casa! PS2. Os cadernos Mãedfulness combinam muito bem com ele , e são o presente perfeito para um 2020 com mais Auto-estima, Poder Pessoal & Felicidade. É comÉ Esta semana, por cá, não sei se efeito de algum mercúrio retrógrado (fãs de astrologia confirmem ou desmitam por favor!), os componentes eletrónicos de casa acusaram também eles o cansaço ou o esgotamento - o telemóvel desligou e não voltou a ligar e a Bimby , companheira fiel de tantas horas na cozinha, deixou de fazer a sua magia. Por isso, quando, na quinta feira, houve crianças a exigir atenção ao final da tarde, bananas maduras na fruteira e uma mãe desejosa de pelo menos alguma acalmia, e a sugestão de fazermos um bolo nos pareceu bem, não houve outra forma senão fazê-lo à boa maneira da avó: tudo à mão!
E no mexe e remexe, colher de pau, vara de arames, com força e repetição, cansaço e alguma iritação acumulada à mistura ocorreu-me que, na cozinha, no cozinhar, nessa doce pastelaria, muitas vezes, talvez por muitos séculos, a raiva, a fúria, a ira ( sobretudo a feminina) pode tomar forma, pode ser libertada, batida até as claras estarem bem firmes, o creme bem brilhante e o coração aliviado. Para mim , foi terapêutico e livrou os pequenos de alguns gritos azedos ao final do dia, de certeza. Porque me parece - e sei que não é politicamente correto isto que vou dizer - que, pelo menos para nós comuns humanos, não há saída para a raiva , a ira, a irritação, frustração que não seja alguma agressividade, algum "explodir" qb violento - em doses pequenas, em episódios regulares. Pode não ser bonito de se ver, mas será saudável de se praticar . Porque a alternativa é nunca perder a compostura , conhecer apenas um acesso permanente ao politicamente correto, estar a ferver por dentro mas nunca deixar estalar o verniz- quem nunca explode, mais dia menos dia,vai implodir. Outra opção é a explosão muito tardia, muito mais nociva, violenta, marcante. E outra opção é a anestesia - fumar, beber, jogar compulsivamente, por exemplo serão formas de "deixar de sentir" e por isso deixar de nos olharmos com plenitude e autenticidade , calar o que o nosso corpo e emoções nos dizem e não mudar nada. Acredito que todos temos uma mistura única destas várias formas de lidar com a dor e outras emoções duras e sobretudo socialmente muito pouco aceites ( e sobretudo no sexo feminino) e que a maioria desses padrões é "herdado". Cabe-nos a cada um, adultos que somos, com consciência e maturidade, com honestidade e auto-conhecimento, escolher as formas mais saudáveis possíveis para "descarregar" estas emoções fortes, discernir os limites que nunca queremos passar , escutarmos o coração que nos comunica a toda a hora o que não está certo: trabalho a mais, entusiasmo a menos, cansaço, monotonia demais, mudanças em excesso, solidão, necessidade de estar sozinho , sentimentos de injustiça, pessoas com uma energia que nos sufoca, o que seja - precisamos de parar e perceber o que é, deixar sair uma asneira ou bater uma porta, ir correr sem destino, ou entrar num banho de imersão sem horas para sair. Ir arrancar ervas daninhas para o quintal ou dançar a noite toda. Bem sei, às vezes é mesmo um berro e umas palavras mais duras, às vezes descarregamos em quem está mais perto ou é mais indefeso ou ainda em quem nos é mais seguro- na verdade deixamos estalar o verniz e isso tem de acontecer de vez em quando. Possamos refletir em fazê-lo de uma forma menos nociva para os outros, de uma próxima vez. Ir para a cozinha, partir ovos sem cerimónia , bater as claras até que o braço doa ou estender massa com toda a nossa força, parece-me uma opção muito chegada ao que Gandhi, esse ser humano não tão comum, defendia - transmutar a violência em paz, usar a nossa ira para o bem. Haverá forma mais deliciosa de o fazer do que na cozinha:, onde a raiva se bate e transforma , numa forma de cuidado e Amor? ❥ s Na quarta feira desta semana , miúdos vestidos, mochilas feitas, lancheiras recheadas, entregues nas respectivas escolas, respirei fundo e conduzi , a horas e feliz, por ir fazer a minha aula de Localizada. Tinha passado mais de uma semana sem ir ao ginásio, hábito nem sempre certo mas muito acarinhado que re-entrou há uns meses na minha vida. Ia decidida, determinada, cheia de vontade de cuprir o calendário de treino que tinha estipulado. Hoje localizada, amanhã pilates e sexta bodybalance. Acordara, assim, disposta a tomar as rédeas da manhã, a sentir-me no controlo da situação - sem atrasos, sem vacilar, a por-me no lugar devido das prioridades para o começo do auto-cuidado e o fim da inércia.Nada nem ninguém me podia parar .Quando entrei com o ar de quem podia levantar o mundo com uma mão, ( embora na verdade treine com os pesos de 2k) faltavam dez minutos para a hora, bom dia sorridente ( pois, se a vida me sorria!) à senhora simpática da receção, torniquete obediente a dar luz verde à minha passagem até à máquina das senhas.
E ali, a história de sucesso terminou: vagas esgotadas. Não levem a sério o meu tom dramático - só serve para pensarmos nisto como uma metáfora perfeita para tantas situações das quais fazemos depender o nosso bem estar, de como , muitas vezes , precisamos de nos sentir fortes, no controlo, no poder, donos do nosso mundo e como isso é, tantas vezes , só uma ilusão de bem estar, é só um palco falso de luzes feéricas mas na verdade dependentes de um gerador artificial. A história, para meu bem, não acaba aqui. Bufei, refilei com a máquina (e baixinho com o ginásio), como o sistem de senhas. Senti a frustração, a irritação, fiz-me de vítima ( só a mim! logo quando decido vir certinho), armei-me em importante ( vou desistir deste ginásio, eles é que perdem). Depois dei meia volta, suspirei, e ao passar pela saída, resmungando qualquer coisa com a senhora-agora-não- tão- simpática da receção, por sorte, olhei de soslaio para o horário. Ioga dali a meia hora. Não foi um processo imediato. Vou, não vou. Há tanto tempo que não faço ioga, aqui nunca fiz, meia hora ainda... entraram as desculpas, a resistência, o apego à briga comigo própria, com os outros e com a realidade. E depois , talvez a luz do sol, doce e autêntica que entra aquela hora pelo vidro do pátio me tenha iluminado o coração: dei outra meia volta, retirei a senha do ioga. Voltei para o carro pelo caminho mais longo - o que me permitiu um passeio breve e retemperador junto à praia, sorver a maesia, fotografá-la para o meu IG e deixar que me sentisse uma rapariga de sorte. No carro, fiz algum trabalho através do telemóvel e à hora certa entrei, ainda um pouco insegura, para a aula de ioga. Já estão a adivinhar: adorei a aula e decidi colocar o ioga no plano de treino. Ao voltar para casa, sentia-me muito mais flexível: mas não era só por fora. Trabalhar a nossa flexibilidade inteior, a adaptabilidade, a facilidade com que tiramos partido dos imprevistos (que é do que é feita tanta da nossa vida), das surpresas ( mesmo das que não queríamos ter), deixar de ficar apegado à rigidez dos nossos planos, vontades , é, para mim, o verdadeiro caminho de desenvolvimento pessoal. Praticar ioga com a vida, foi a frase que anotei no meu caderno para não me esquecer desta lição e de a partilhar connvosco. Não foiNão Esta semana, por razões circunstanciais, não fui nenhum dia ao correio - saí quase sempre de carro, não passando na porta de entrada do prédio e quando o fazia ia sempre com pressa, com compras ou sem paciência , portanto, quando lá fui, ontem, a caixa estava a abarrotar. Claro que a imagem que tiveram nas vossas mentes corresponde à realidade: a abarrotar sobretudo de folhetos e publicidade. Comecei a praguejar enquanto as cartas do banco, do condomínio e as promoções de mais de três supermercados diferentes, uma pizzaria e um canalizador se misturavam e me caiam das mãos. Logo uma voz interna se sintonizou com as minhas figuras tristes: "Eu devia era ter um aviso como quase todos os outros vizinhos " Publicidade Aqui Não". É isso que vou fazer já amanhã, já devia ter feito, não sei onde se arranja mas vou saber e colocar. De amanhã não passa. Isto é um abuso, não devia ser permitido, lixo, poluição..." e por aí fora, que, como sabem , quando damos rédea solta aos pensamentos negativos e catastróficos eles não se fazem rogados em aparecer e encadearem-se uns nos outros.
Depois, à medida que , abraçada às cartas e papéis, ia subindo no elevador e a tensão descia, e depois já na mesa da entrada, a fazer a devida seleção do que queria manter ou deitar fora, ri-me de mim própria: porque na verdade há um ou dois destes folhetos que eu gosto de receber e de ver, de estar a par das novidades ou das campanhas. E só eu é que sei fazer essa seleção ( nem é sempre do mesmo supermercado, é conforme a época do ano ou o tipo de produtos que anuncia!). Ao colocar na caixa de correio um aviso generalista ia deixar de ter a caixa a abarrotar com informação de que não gosto, não uso e é só "lixo" e trabalho acrescido mas também ia ficar sem receber o que me interessa, uma ou outra informação que até me pode ser bem útil ou me fazer aproveitar uma boa oportunidade. E fiquei a pensar como é assim em tantas coisas na nossa vida: às vezes esquecemos que temos o poder de dizer "Aqui Não" a várias situações, pessoas, temos é de estar em paz com as consequências totais que tal atitude traz. Ao mesmo tempo, quando percebemos a vantagem de aceitar determinadas regras, jogar determinado jogo, entrar em certos contextos, ou escolher alguns enquadramentos para a nossa vida, que saibamos também não vociferar contra o que vem junto, com o que faz parte do acordo, antes assumir a nossa repsonsabilidade e fazer o que tem de ser feito ( neste caso, colocar com um sorriso os folhetos indesejáveis no ecoponto azul) - e se estamos em modo metafórico, algumas pessoas, situações ou emoções na reciclagem, também ;). Isto não quer dizer que na nossa cabeça - ou coração - não se possam desenhar cenários alternativos, possibilidades diferentes das que existem agora que nos coloquem numa situação mais à nossa medida, e também não quer dizer que as nossa opinião não possa mudar de uns tempos para outros. Com estas reflexões todas a apaziguar-me com a pizzaria e o senhor canalizador, já descartados, sentei-me na mesa da cozinha a folhear os Imperdiveis de Verão ao Melhor Preço e a pensar que realmente, as coisas mais importantes, o que nos traz o real bem estar, não se compram nem nunca estão em saldo - são conquistadas com os dias em que escolhemos viver em verdade e olhar, sem medo, ao espelho. Os folhetos podem trazer muitas e boas ofertas, mas não nos ensinam o essencial que é fazer boas escolhas. Isto não qu Na segunda- feira, há duas semanas atrás, o chão do elevador do meu prédio apareceu sujo - um saco do lixo pousado, talvez. Na terça -feira o chão continuava sujo e agora tinha também um papel colado com fita-cola ao lado e umas palavras sobre civismo ( ou, mais corretamente, a falta dele).
Na quarta -feira, sujidade e papel mantinham-se e agora havia também um odor nada agradável dentro do elevador. Na quinta -feira eu peguei em dois tolhetes húmidos, calcei uma luva e limpei a mancha do elevador e retirei o papel. Na sexta feira contei esta história à minha mãe que me respondeu: "Só tu! Achas isso bem? Achas que assim as pessoas aprendem?" Na segunda- feira da semana passada o chão apareceu outra vez sujo. Na terça apareceu outra vez o bilhete e na quarta eu calcei as luvas, peguei em dois toalhetes e fui limpar e depois fiquei a pensar em algumas coisas associadas a este episódio: * que quando nos livramos do que "nos compete" ou responsabilidades definidas ou do "quem tem de", nos tornamos muito mais livres para sermos exatamente quem queremos ser ou quem a situação exige que sejamos. * que das quatro personagens desta história: a que suja, a que deixa um recado , a que nada faz ou a que limpa eu gosto de ser a que limpa. * que na verdade tantas vezes desgastamo-nos, gastamos energia, perdemos o nosso tempo a fazer algo que não resolve nada em vez de resolvermos a situação - talvez em menos tempo e com um bónus -extra de nos sentirmos bem por ter contribuído. * que não me compete chamar a atenção, "evangelizar" ou dar recados a ninguém, só me compete fazer a minha parte - aí reside , na verdade, todo o meu poder e liberdade. * que invertemos muitas vezes os valores em que acreditamos e o sistema que nos rege é o da culpa/ castigo/ reconhecimento ( limpar o lixo "dos outros" está muito em baixo na escala de tarefas nobres, não é? E ainda assim é tarefa essencial ao nosso mais básico bem estar!) *que podemos mesmo fazer a diferença, contribuir nas coisas mais simples, para o bem estar ( o dos outros ou o nosso são exatamente a mesma coisa, embora às vezes parece que não!) * que atuar, fazer aquilo em que acreditamos, vale muito mais do que chamar a atenção - e digo isto porque esta segunda feira o chão não apareceu sujo outra vez. ( tenho que me lembrar de contar esta parte à minha mãe!) Não se iludam, no entanto por aquilo que esta história não quer de todo transmitir: sou muitas vezes ( muitas!) a que "suja" e outras tantas a que "deixa o recado" - dentro da minha própria casa, com os meus filhos e família próxima, com o meu companheiro e os meus amigos, no meu trabalho, na fila do supermercado, a conduzir. Mas gostei de ter contribuído, neste humilde episódio do elevador, de forma anónima e inteira, de ter feito o que , na verdade e no meu entender, era mais certo e eficaz , sem precisar de fazer alguém sentir-se mal ou de algum reconhecimento que não fosse o que o meu coração me deu a mim mesma - não pela grandiosidade do feito, mas pela autenticidade do gesto. E quero gravar esta pequena história na minha memória para seja mais vezes, a que faz o que o coração lhe diz que tem de ser feito. Espero que vos inspire também. |
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