Esta semana, por razões circunstanciais, não fui nenhum dia ao correio - saí quase sempre de carro, não passando na porta de entrada do prédio e quando o fazia ia sempre com pressa, com compras ou sem paciência , portanto, quando lá fui, ontem, a caixa estava a abarrotar. Claro que a imagem que tiveram nas vossas mentes corresponde à realidade: a abarrotar sobretudo de folhetos e publicidade. Comecei a praguejar enquanto as cartas do banco, do condomínio e as promoções de mais de três supermercados diferentes, uma pizzaria e um canalizador se misturavam e me caiam das mãos. Logo uma voz interna se sintonizou com as minhas figuras tristes: "Eu devia era ter um aviso como quase todos os outros vizinhos " Publicidade Aqui Não". É isso que vou fazer já amanhã, já devia ter feito, não sei onde se arranja mas vou saber e colocar. De amanhã não passa. Isto é um abuso, não devia ser permitido, lixo, poluição..." e por aí fora, que, como sabem , quando damos rédea solta aos pensamentos negativos e catastróficos eles não se fazem rogados em aparecer e encadearem-se uns nos outros.
Depois, à medida que , abraçada às cartas e papéis, ia subindo no elevador e a tensão descia, e depois já na mesa da entrada, a fazer a devida seleção do que queria manter ou deitar fora, ri-me de mim própria: porque na verdade há um ou dois destes folhetos que eu gosto de receber e de ver, de estar a par das novidades ou das campanhas. E só eu é que sei fazer essa seleção ( nem é sempre do mesmo supermercado, é conforme a época do ano ou o tipo de produtos que anuncia!). Ao colocar na caixa de correio um aviso generalista ia deixar de ter a caixa a abarrotar com informação de que não gosto, não uso e é só "lixo" e trabalho acrescido mas também ia ficar sem receber o que me interessa, uma ou outra informação que até me pode ser bem útil ou me fazer aproveitar uma boa oportunidade. E fiquei a pensar como é assim em tantas coisas na nossa vida: às vezes esquecemos que temos o poder de dizer "Aqui Não" a várias situações, pessoas, temos é de estar em paz com as consequências totais que tal atitude traz. Ao mesmo tempo, quando percebemos a vantagem de aceitar determinadas regras, jogar determinado jogo, entrar em certos contextos, ou escolher alguns enquadramentos para a nossa vida, que saibamos também não vociferar contra o que vem junto, com o que faz parte do acordo, antes assumir a nossa repsonsabilidade e fazer o que tem de ser feito ( neste caso, colocar com um sorriso os folhetos indesejáveis no ecoponto azul) - e se estamos em modo metafórico, algumas pessoas, situações ou emoções na reciclagem, também ;). Isto não quer dizer que na nossa cabeça - ou coração - não se possam desenhar cenários alternativos, possibilidades diferentes das que existem agora que nos coloquem numa situação mais à nossa medida, e também não quer dizer que as nossa opinião não possa mudar de uns tempos para outros. Com estas reflexões todas a apaziguar-me com a pizzaria e o senhor canalizador, já descartados, sentei-me na mesa da cozinha a folhear os Imperdiveis de Verão ao Melhor Preço e a pensar que realmente, as coisas mais importantes, o que nos traz o real bem estar, não se compram nem nunca estão em saldo - são conquistadas com os dias em que escolhemos viver em verdade e olhar, sem medo, ao espelho. Os folhetos podem trazer muitas e boas ofertas, mas não nos ensinam o essencial que é fazer boas escolhas. Isto não qu
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